quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Além da Vida

Elas vem tranquilas
Com aqueles grandes olhos
São capazes de tudo enxergar
O mundo em volta
Os seres estranhos
Os sussurros contidos
Elas pousam seu olhar sobre mim
Procuram algo que não sei
Ou talvez apenas olham
Admiram o diferente
Seu piado o mais lindo
Música para os ouvidos
Muitos consideram símbolo de má sorte
Quem dera
Elas são símbolo de sabedoria
Estrategistas, sempre vendo além dos horizontes
Sempre vendo além dos olhares
Além do que é falado
Além da alma
Além da vida
Queria eu ser uma coruja
Noturna
Tudo ver
Tudo sentir
Tudo saber
Apenas querer
-Ana Beatriz Rocha

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Aquela Escola

Todos os dias eu chegava
Na mesma hora
Educadamente, falava com todos
Encontrava sempre as mesmas pessoas
Eram as mesmas vozes
As gargalhadas de sempre
Quanto se é jovem não há medos
Não há receios
Será?
Foi ali que passei os primeiros anos de ensino
Foram sobre aquelas grandes mesas que surgiram os livros
Que percebi meus olhos brilhando com aquelas histórias
Poemas logo conheci
Logo me encantei
Paixão, dessas de primeira vista
Aquelas paredes coloridas
Aqueles brinquedos engraçados
Aquilo foi a minha base
Escola
O início de tudo
Deu razão ao futuro
Iluminou o presente
Aquela escola... Nunca esquecerei...
- Ana Beatriz Rocha

sábado, 25 de janeiro de 2014

O Sofrer do Poeta

Poeta é bicho torto
Não sabe o que quer
Não sabe se é amor ou ódio
Rancor ou ternura
Poeta é indeciso
Poeta é decidido
Poeta é sofredor
Poeta é feliz
Pois encontra nos versos um conforto
Nas palavras um afago
No sofrer inspiração para escrever
Ser poeta é ser humano
Com defeitos e virtudes
Ser poeta é verdade
Se deixar permitir
Sentir
Amar
Gritar
De dor
De amor
Ah o poeta
Não sabe ele o quanto é tolo
Que razão há em escrever o que sente?
Basta sentir
Mas o poeta não mente
Ele sabe viver
Sabe amar
Será?
O poeta é igual a todos
O inusitado é que ele divide suas dores
Seus amores
Suas lágrimas
Sua vida
Divide, com um caderninho
Com o mundo
Porque a poesia
Essa universal
Não pertence a ninguém
Somente ao poeta
-Ana Beatriz Rocha

Ser criança

Surpresas
Descobertas
Tudo novo quando se é criança
Pequenos poetas da vida
Aprendendo a poetizar
Aquela timidez já de costume
Nas primeiras palavras trocadas
Olhares baixos
É a amizade brotando
Olhar atento, distante
Ele pousa sobre algo
Não sei o que é
Mas o sorriso basta para me contentar
Fazem pirraça
Palhaçadas
Brincadeiras
Criança é sinônimo de alegria
Essa que contagia a todos
Criança é sinônimo de liberdade
Temos que deixa-las voar...
-Ana Beatriz Rocha

O Silêncio de Santa Maria

Um ano faz
Um ano de silêncio
Um ano de dor
De clamor por justiça
Quantos se foram
Quantos ficaram
Um ano do dia que a diversão
Se tornou tragédia
Que a alegria
Se tornou tristeza
Um ano do dia que a música estridente
Deu lugar aos gritos de horror
Fogo, por todos os lados
Medo, por todos os lados
Quem é culpado?
Ele vai pagar?
E os pais que perderam seus filhos
Vão esquecer?
As lágrimas, irão cessar?
O tempo vai passar
Os dias vão correr
A dor permanece
Mas vem a cicatriz
Essa enorme, marcas significantes
Mas quem sabe não dá lugar a fé
A esperança de um amanhã melhor
De um amanhã mais justo
Onde nossos irmãos, filhos e netos
Possam encontrar a diversão, sem medo
Um amanhã livre, de torturas ou angustias
-Ana Beatriz Rocha

Acreditar

Acreditar
Sonhar
Pensar que é possível
Nem todos conseguem
Muitos fracassam
Nesse navio imenso que é a vida
Nadar até a costa
Sobreviver é uma arte
O bote salva vidas
É o amor
Nele você encontra a confiança
Mas será que ele existe mesmo?
O que seria de verdade o amor?
Algo palpável e concreto?
Algo surreal e fictício?
O amor faz morada na verdade
Faz morada realidade
Não numa realidade comum
Uma realidade utópica
Ele te faz acreditar no improvável
No discutível
No irreal
Mas ele existe
Basta procurar
- Ana Beatriz Rocha

Corro

Corro
Sem tempo
Sem destino
Sem porque
Nessa vida de misérias
De amores
De perguntas
Só preciso correr
Se houvesse a sorte
Poderia encontrar braços para me receber
Ou abraços para me confortar
Mas não há sorte
Nem azar
Há desventuras
Por isso corro
Para me encontrar
-Ana Beatriz Rocha

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Clamor

Justiça
Pão
Verdade
Água
Amor
Pão
Solidariedade
Água
Carinho
Pão
Sorte
Água
Olhares
Pão
Compaixão
O mundo está faminto
Está sedento
Está clamando por ajuda
Por socorro
Por auxílio
O mundo está clamando por você
-Ana Beatriz Rocha

Devaneio Noturno

E quando o sono se vai
escrever é minha sina
meu desejo
até vir a luz
quem sabe vespertina...
Tenho medo
Que a coruja venha
Bata minha janela
E eu não ouça
É que a noite
O silêncio grita
Um som alto
Tenho medo
Não quero ficar surda
Quero ver a coruja
Quero aprender a piar
E ela veio
Veio linda e atenta
Seus grandes olhos em mim fizeram morada
Me senti viva
Mas ela logo se foi
Por um instante achei que voltaria
Mas não, ela alçou voo alto
Aquela coruja nunca mais vi
E todas as noites debruçada sobre a janela
A sua espera, a ouço piar
Não a vejo, mas sinto que ela nunca esqueceu-se de mim
-Ana Beatriz Rocha

Grito de Socorro

Amor
Dor
Medo
Calor
Suspense
Apreensão
Todos olham fixamente um só lugar
Todos querem saber o que se passa
Mãos geladas, percorrem as linhas do rosto
Uma inquietude
Um nervosismo
De repente a notícia
Não há mais nada a ser feito
Todos  se vão
A rua esvazia-se
Forma-se uma lacuna
Mas quem perdeu
Não esquece
Quem sentiu padece
A dor por quem se foi
No fim ouvi-se um grito
Esse insuportável
O socorro
O que é esperado
Porém, não é alcançado
-Ana Beatriz Rocha

Adoção Sanguínea


Quem disse que precisa ser pai para levar a escola?
Quem disse que precisa ser mãe para com aquelas mãos
 delicadas passar o pente dentre os fios confusos dos cabelos?
Um lugar no mundo onde toda criança repousa
 a cabeça cansada após o dia de brincadeiras
O ombro que a espera repleto de carinho,
e que ao recebê-la lhe enche de mimo.
Mãe, essa não me esperou nove meses na barriga,
mas me espera voltar para casa com uma  inquietude tão significativa quanto.
Pai, esse não tem o mesmo tipo sanguíneo que o meu,
 mas a inúmeras apresentações escolares assistiu.
Você pode estar  estranhando, e se perguntando: Isso é uma poesia? Cadê as rimas?
Na verdade, a poesia não mora nas rimas, mas sim nos sentimento e na inspiração.
Isso vai além das poesias formais, isso é um escrito em homenagem a todos os avôs e avós, irmãos e irmãs, tios e tias, que formam todos os dias grandes poetas, grandes seres humanos, grandes amantes de vida, isso é uma “Adoção Sanguínea”.
-Ana Beatriz Rocha